terça-feira, fevereiro 09, 2010

de quando não se pode ter.

dançávamos pela praça. descompassados rotos e tristes. não éramos mais os mesmos. nem aqueles. eu tinha te visto um copo ou outro. e desde dali te vi em mim. sim. você me participava. eu usava um vestido verde. você me seguiu com os olhos e eu era deles. naquele dia fui condenada a esta urgência de você. minhas mãos suavam numa sala de cinema. eu. de novo. uma menina diante de um deus. você me contou que amava uma moça. eu te contei que não tinha mais coração. você riu. como se soubesse a minha angústia. entendesse a minha mentira. as coisas não nos acontecem. e ainda existe um demônio delirante de asas abertas entre nós. aflora as ventas. estufa o peito de senões. cospe gelo. certos dias dorme. sai por ai. então. somos de novo.

eu te quero tanto homem. te venero a pele alva. as pequenas mãos. o tatear manso. o anoitecer dos olhos insones. sempre prontos pra ir embora. o alinhamento exato de seus ângulos e planos. o riso surpreso. que um pouco antes de acontecer sabemos que iremos dar. e todo resto que deixo comigo.

só tenho verdadeiramente. a busca dolorosa por seu olhar. o pedido desesperado em meus poros. a teimosia de meus pés. essa dor pungente.

só que existe. ainda.

sua total ignorância dos movimentos meus.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

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arrancar minha roupa. rasgar minha pele e me mostrar assim.

me encaixar no seu olhar. ser o destino de sua voz.

ser o equilíbrio. o cerne. o que te move. o que te dói.

ser sua desgraça. ser a pior coisa da tua vida. te destruir. te lamber as feridas.

te enfiar amor no peito. no ventre. na sola dos pés.

te passar a língua. te deixar à míngua. frouxo. inerte. em mim.